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Novembro Azul: Agora é a vez dos homens

07/11/2019

Quando o assunto é cuidar da própria saúde, os homens são mais resistentes do que as mulheres. Por isso, a campanha novembro azul, iniciada em 2011, tem como objetivo incentivar os homens a cuidarem de si e da saúde de forma geral, além de distribuir informações importantes sobre o rastreamento, a prevenção e o tratamento do câncer de próstata, o segundo câncer mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. No ano de 2018, foram estimados cerca de 68.220 novos casos de câncer de próstata, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer. Cerca de 25% dos pacientes com a doença morrem, pois aproximadamente 20% deles já são diagnosticados em estágios avançados. 

A próstata é a glândula responsável pela produção dos nutrientes e fluidos que constituem o esperma, localizada logo abaixo da bexiga e à frente do reto (parte final do intestino grosso), envolvendo a porção inicial da uretra, conduto que permite que a urina, produzida na bexiga, seja escoada para fora do organismo. O câncer de próstata  pode se instalar em qualquer área da glândula, inicialmente sem sintomas. A medida que o tumor cresce, vai ocupando gradativamente os lobos direitos e esquerdos e, em casos volumosos, o paciente pode se apresentar com dificuldade para urinar, ardor e jato urinário fraco, necessidade de acordar à noite várias vezes para urinar, presença de gotejamento de urina após completar a micção e presença de sangue na urina. Com a evolução da doença, as células malignas comprometem os linfonodos próximos, caem na corrente sanguínea e se disseminam para outros órgãos, com grande predileção pelo tecido ósseo. 

Em relação aos fatores de risco, a idade é considerado um fator de risco importante, já que cerca de 75% dos casos ocorrem a partir dos 65 anos, com aumento na incidência (casos novos) e na mortalidade após os 50 anos. O excesso de gordura corporal também aumento o risco de câncer de próstata, pois provoca alterações hormonais e um estado inflamatório crônico que estimulam a proliferação celular e inibe a apoptose (morte programada das células). 

O câncer de próstata pode ser identificado com a combinação de dois exames: o PSA e o toque retal. O PSA (antígeno prostático específico) é um exame de sangue que analisa uma proteína expressa. Um PSA alto pode sugerir câncer de próstata, mas também pode estar elevado devido a outras causas benignas como infecção, traumas, hiperplasia prostática benigna, prostatite, infecção urinária e até mesmo, manipulação local.  O toque retal é procedimento simples, que dura cerca de 7 segundos e é basicamente indolor. É muito importante ressaltar que um exame não substitui o outro, ou sejam os homens devem se submeter aos dois procedimentos, pois podem existir casos com PSA normal e toque retal alterado. Na ausência de antecedentes pessoais e familiares que indiquem risco aumentado para o câncer de próstata (pai, irmão ou tio), a Sociedade Brasileira de Urologia recomenda iniciar o rastreamento aos 50 anos, com exames anuais de dosagem de PSA e toque retal. Aqueles que apresentam histórico familiar da doença, negros ou obesos mórbidos, devem considerar o início do seu rastreamento a partir dos 40-45 anos. Para a confirmação definitiva do diagnóstico é necessária a biopsia, onde são retirados fragmentos da glândula para análise. A maioria dos cânceres de próstata são do tipo Adenocarcinomas (cerca de 95%). Podem ser de baixo grau, grau intermediário e alto grau. Os tumores de baixo grau são formados por células bem diferenciadas, que possuem certa semelhança com as células prostáticas normais. Aqueles tumores de alto grau são compostos por células com alto índice de proliferação, diferentes do tecido normal da próstata. 

Infelizmente, ainda hoje, muitos homens se recusam a realizar o exame de toque retal devido ao preconceito e desta forma, acabam deixando de ser diagnosticados nas fases mais curáveis da doença – homens que descobrem precocemente, têm grandes chances de cura. O cuidado com a saúde é tudo e deve ser lembrado o ano todo.

Texto por Dra. Camila Dagostim Jeremias

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