Um dos principais indicadores utilizados na economia para estimar a inflação no Brasil é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O IPCA é o índice oficial do Governo Federal para medição das metas inflacionárias contratadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população objetivo do IPCA abrange as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre 1 (hum) e 40 (quarenta) salários- mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos e abrange as regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, Brasília e o município de Goiânia.
A última atualização nos pesos dos grupos de produtos e serviços ocorreu em 2012. Importante ressaltar que a inflação medida procura trazer um indicador que permita que cada família tenha um parâmetro comparativo, que no geral retrate a inflação oficial brasileira, mas todos devemos ter ciência de que a inflação varia de família para família, e por óbvio, de pessoa para pessoa, de região para região. O IPCA é um dos indicadores que procura permitir a análise comparativa. Abaixo o peso percentual dos gastos de cada grupo de produtos e serviços:
Diante da importância deste indicador, há mais de dez anos fazemos a análise entre o projetado para o IPCA no exercício que está por iniciar e o comparamos, decorrido o período e informado oficialmente o resultado, com o realizado para o mesmo período. O método é simples. Coletamos os dados a partir da projeção do IPCA informada no Relatório Focus divulgado pelo Banco Central do Brasil (BCB) na última semana de cada ano e comparamos com o realizado para o período projetado. Por exemplo, a projeção da última semana de 2017 para o IPCA em 2018 foi de uma inflação de 3,96% para a economia no ano de 2018. Encerrado o exercício de 2018 foi apurado que o IPCA neste registrou uma queda na inflação, alcançando 2,95%, um ponto percentual abaixo do estimado.
O Relatório Focus é um documento consolidado pelo Banco Central do Brasil que contém as previsões de cerca de 120 analistas financeiros do mercado brasileiro sobre diversos indicadores da economia brasileira, dentre os quais o IPCA. Toda sexta-feira, estes profissionais informam suas projeções e os técnicos do BCB consolidam os dados tornando os mesmo públicos na segunda-feira seguinte através do Relatório Focus.
Observe no gráfico abaixo o desempenho das projeções ao longo dos últimos anos, inclusive para 2020:
Saber qual é a perspectiva de desempenho do IPCA na economia é estratégica para o planejamento das organizações porque com este indicador se procura estimar o tamanho do crescimento ou da queda real que teremos no mercado a partir da inflação. No caso brasileiro, no realizado dos últimos dez anos, podemos dividir em dois o comparativo: de 2010 a 2015 os analistas erraram ivariavelmente, estimando um IPCA menor do que o realizado, enquanto que nos anos de 2016, 2017 e 2018, ocorreu o contrário, o mercado previu inflações bem maiores do que o realizado. O único ano em que o estimado ficou praticamente em linha com o realizado foi o de 2019.
Para fins de planejamento, o previsto no IPCA ajuda a estimar a performance de reajuste nos preços ou tabela de preços, dissídios coletivos, custo das matérias primas e insumos, dentre tantos outros pontos relavantes. Ressaltamos que o viés de estabilidade na inflação é uma necessidade fundamental para a economia brasileira, mas mesmo em cenários otimistas, com o IPCA estabilizado, recomendamos também um olhar para a perspectiva pessimista, quando a inflação vem acima do esperado pelo mercado.